Lula afirma que traficantes são “vítimas dos usuários” e defende foco no combate ao vício
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, participa da cerimônia de entrega de credenciais a novos embaixadores no Palácio do Planalto, em Brasília (DF), nesta segunda-feira, 20 de outubro de 2025. — Foto: Fátima Meira/Enquadrar/Estadão Conteúdo
Declaração do presidente, feita na madrugada desta sexta-feira (24), provoca debate sobre políticas de drogas no Brasil e nos Estados Unidos.
Durante entrevista concedida na madrugada desta sexta-feira (24), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que os traficantes são, em certa medida, “vítimas dos usuários” e sugeriu que tanto o Brasil quanto os Estados Unidos teriam mais facilidade em “combater os viciados” do que apenas concentrar esforços na repressão ao tráfico.
A fala ocorreu enquanto o presidente discutia os desafios enfrentados pelas políticas de segurança pública e de combate às drogas. Lula defendeu uma abordagem que envolva não apenas o enfrentamento das organizações criminosas, mas também o tratamento e a prevenção do uso de entorpecentes.
“O traficante é uma vítima do usuário, porque se não tivesse quem consumisse, não teria quem vendesse. É mais fácil combater o vício do que combater o tráfico”, afirmou o presidente.
A declaração gerou reações imediatas entre especialistas e parlamentares. Alguns interpretaram a fala como um convite a repensar o modelo de guerra às drogas, criticado por sua ineficácia e pelo alto custo social. Outros, no entanto, consideraram a afirmação uma relativização da responsabilidade criminal dos traficantes.
Para o sociólogo e pesquisador de segurança pública Marcos Alves, a fala de Lula “traz à tona um debate importante sobre a lógica de responsabilização na cadeia do tráfico, mas precisa ser acompanhada de políticas concretas de saúde pública e reinserção social”.
Já parlamentares da oposição criticaram o tom da declaração. A deputada Carla Zambelli (PL-SP) afirmou em suas redes sociais que “chamar traficante de vítima é um desrespeito às famílias destruídas pelas drogas”.
O governo ainda não detalhou se a fala representa uma mudança de postura na política nacional sobre drogas. No entanto, integrantes do Palácio do Planalto indicam que o presidente deve propor novas medidas de apoio psicológico e social a dependentes químicos, em parceria com estados e municípios.
Enquanto isso, a fala continua repercutindo nas redes sociais, dividindo opiniões e reacendendo o debate sobre qual deve ser o verdadeiro foco da política antidrogas brasileira: o tráfico, o consumo ou as causas sociais que alimentam ambos.
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